Imagine que tem uma casa a precisar de uma pintura urgente. Mas, como já estava abandonada há algum tempo, cresceram heras por toda a parede exterior e os acessos estavam condicionados pelo silvado, já grande, que entretanto tomara conta do logradouro. Recomendam-lhe 1 empreiteiro que é tido como dos melhores no seu segmento. Chama-o ao local e ele diz-lhe que, sim senhor, faz o serviço, mas tem de limpar tudo à volta, paredes inclusive, muito bem limpo (porque só trabalha com paredes impecáveis) e terá ainda de comprar e montar você os andaimes. O preço, é o dobro do orçamento dado por outro, que lhe garantia todo o serviço. Por muito bom que lhe tenham dito que era, adjudicaria a obra? Tenho a certeza, sem ouvir sua resposta, que claramente, não!
Quando falamos da CGD, é precisamente isto, descrito neste exemplo, que está a acontecer: Costa interpelou António Domingues para presidir o banco público. O mesmo terá dito que sim, impondo condições. Que condições foram estas? Muitas: exigiu o DOBRO do salário do presidente cessante; exigiu, ainda em funções no BPI, acesso às contas do banco; depois, exigiu 5 mil milhões em capital para limpar mal parado e ficar confortavelmente com tesouraria; exigiu a isenção de apresentação de rendimentos ao Tribunal Constitucional para ele e restantes administradores; fez saber que iria ainda despedir 3000 funcionários.
Eu não vou pôr aqui em causa o "know how" de António Domingues que pelos vistos faz dele um senhor com grande bagagem na administração de bancos. Ao ponto de Costa ter feito questão em escolhê-lo como Presidente da CGD. Mas permitam-me que coloque em dúvida sua real competência... Para que serve um administrador tão caro se não consegue pegar no banco, no estado em que ele se encontra, e reverter a situação, sem que para isso faça falta injectar dinheiro dos contribuintes e despedir trabalhadores? Respondo: não serve para nada. Não é habilidade nenhuma ganhar 1100€/hora para receber uma "casa limpinha" a nadar em tesouraria e seguir com a gestão, tranquilamente, dali em diante. Mas estão a gozar com a inteligência de quem?
Um bom gestor, não tem medo de pegar 1 instituição completamente de "pernas pró ar" e fazê-la renascer. Porque essa é sua missão. É seu maior desafio. E um bom líder não tem medo de desafios. De que tem medo António Domingues? De não estar à altura dos desafios?
Já sabemos que é bom a negociar com políticos. Tão bom que até consegue que lhe façam 1 decreto-lei à medida. E convenhamos, gente desta nos bancos tem feito falta... prós políticos. Mas não consegue pegar 1 banco público e endireitar as contas sem sacrificar os contribuintes nem os trabalhadores. Ora se isto é competência, todos os governantes da geringonça, que sempre que precisam de endireitar contas, vão ao bolso do contribuinte, são ilustres gestores.
Acontece, que além de tudo o que mencionei, e que por si já é mau, temos ainda a novela da recusa de apresentação de rendimentos, que dizem, pode provocar a saída desta gente. Costa e Marcelo que respectivamente, legislaram e promulgaram o decreto, dizem lavar as mãos. Costa culpa Centeno e chuta resolução para o Constitucional. Marcelo segue no mesmo discurso... Abandonados à sua sorte ficam aqueles a quem ESTE GOVERNO prometeu que não iriam apresentar as ditas declarações. Serão eles, sozinhos e resolver se ficam dentro do que a lei obriga, ou se saem.
Querem 1 opinião sincera? Com tudo o que já se viu de António Domingues neste episódio da CGD, se decidir sair, são mais os ganhos que as perdas.
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