E não é que precisamente no dia em que celebrávamos o golpe falhado de uma tentativa de ditadura comunista em Portugal, somos surpreendidos pela morte de Fidel Castro? Não tivesse o homem escolhido o 25 de Novembro para ir ao encontro daqueles que matou, e a data, por cá, teria passado em branco. Felizmente, Fidel, esse grande e ilustre ditador sanguinário capitalista, tornou esta data memorável.
Fidel,  lutou ao lado de Che Guevarra contra a ditadura de Batista e venceu. Há maior feito do que resgatar um povo de uma ditadura castradora das liberdades? Há. Desde que seja imediatamente substituída por outra mais “soft e cool”, cheia de paz e liberdades, a dele, que ele soube manter “democraticamente” imposta  por meio século. Um grande homem!
À data da revolução, em 1959, Cuba com a ditadura “má” do Batista tinha um rendimento anual médio per capita de 1200 dolares, o segundo mais elevado da América latina. Hoje é de somente 70 dólares.  E feliz de quem tem filhas para prostituir. Tinha 15 telefones por cada 100 pessoas. Hoje só tem 3,5/habitante.  O consumo de carne era de 35 kg/ano por habitante. Hoje é de 5,5 kg. Havia  um autocarro por cada 300 habitantes. Hoje só tem um para 25000.
Ah! e tal porque deixou um sistema de saúde extraordinário. Pois. Só que esse sistema já existia.  Quando Fidel tomou o poder, Cuba tinha um sistema de saúde com:  uma taxa de mortalidade infantil mais baixa de toda a América Latina; a taxa de mortalidade geral  melhor que nos EUA e a terceira mais baixa do Mundo; havia um médico por cada 950 habitantes; não havia falhas de medicamentos.
Com a chegada da revolução socialista, a ditadura idílica e justa de Fidel trouxe uma melhoria de apenas um médico por 750 habitantes, mas falhas graves de medicamentos que obrigam a improvisar alho para combater a hipertensão ou mamão para problemas digestivos e como anti-inflamatório. Ah! Mas só à venda no mercado negro. E os médicos? Grande parte a complementarem os ordenados como recepcionistas no turismo onde as gorjetas são mais generosas que o salário de um cirurgião. Consultas? Quase nulas. O colapso dos transportes impede que os doentes tenham meios para se deslocarem… E os hospitais? Esses, pararam no tempo… a desfazerem-se literalmente, sem higiène, sem condições mínimas para tirar sequer uma radiografia.
Fidel transformou Cuba numa paradisíaca “Guatánamo” da América Latina onde a pena de morte era garantida a quem de lá quisesse sair. Mas quem é que quer sair do paraíso? Certo? Uma ilha onde nunca faltou nada a quem tivesse dólares, inclusive produtos americanos que chegavam através dos 115 países com quem tinham relações comerciais, mas faltou tudo a quem só tinha pesos: sabão,  café,  papel higiénico, electricidade, comida… dinheiro…
Com a morte deste generoso líder ficará sem dúvida um legado surpreendente de fome, de miséria, de execuções, de degradação humana, de perseguição, de violação de direitos, de homofobia, mas sobretudo de hipocrisia monumental onde, por trás de um discurso anti-capitalista, jaz agora, um bilionário com fortuna avaliada em mais de 900 milhões dólares. Uma acumulação de dinheiro que certamente será doada ao povo… digo eu… Talvez a Mariana Mortágua possa ajudar Raúl Castro… 
Deve ser por isso, que não lhe faltam homenagens sentidas e de profunda dor, não pelo seu povo a quem tiranizou e que celebraram a sua partida euforicamente, mas pelos  políticos, jornalistas e admiradores. Um homem que lhes deixa saudades pelo romantismo com que governou, mantendo Cuba imaculadamente estática, digno de um belo postal dos anos 50, a cair de podre, mas sem dúvida inspirador para quem não vive lá.
Com tanta bajulação a este tirano sanguinário ficamos com a certeza que, se Fidel é um herói, por cá Salazar foi um menino que nem uma ditadura soube fazer de jeito, de onde partiu  teso como um carapau.
Porque afinal, as ditaduras de esquerda são todas muito boas e recomendam-se. As outras é que não.