O ano de 2016 será eternizado com a estreia nacional da primeira novela com a maior audiência até hoje, interpretada por um elenco nunca visto que juntou socialistas a comunistas na governação. Durante um ano conseguiu prender, diariamente, 10 milhões de pessoas que acompanharam com atenção, cada episódio.
O Ano da Geringonça (assim intitulada a trama), foi rica em encontros e desencontros, amores e afectos, comédia, tragédia, suspense, cusquices e até, divórcios. Elogiada pelo Financial Times e DBRS, e alguns cromos em Bruxelas, destacada e apoiada por toda a comunicação social, e alguns políticos de destaque duvidoso, mostrou ser o maior êxito até hoje nesta categoria. Vai fazer história. Ai vai… Vai...
Mas, este sucesso não seria possível sem personagens inigualáveis, que nos provocaram os mais díspares sentimentos, e nos prenderam ao ecrã, num enredo estonteante. Não faltou amor e afecto distribuídos pelo querido Marcelo que beijou, abraçou, tudo e mais alguma coisa. Que dançou com meninos de Moçambique. Que viajou por toda a parte sem esquecer de dar um abraço ao romântico ditador Fidel. Marcelo foi ainda o remake do inesquecível Zé das Medalhas… Um “must”!
A trama foi prosseguindo a cada episódio com arrufos de namorados e divórcios, como aquela cena na CGD, com Centeno a trair Domingues, que o faz abandonar o “lar”. Onde Centeno implora que fique mais um bocadinho até Macedo entrar na “casa”… Mas com o desgosto, Domingues decide mesmo partir culpando Costa, o mediador “matrimonial”, de o ter abandonado neste processo. Entretanto o Banco público ficou em gestão por sms e mails com a recapitalização urgente, que deixou de o ser, e passou para 2017 mas, com calma porque é preciso fazer render a novela… Isto promete...
Depois veio o episódio das aldrabices no ME com certificados falsos de colaboradores a dizerem-se detentores de “quase cursos” por terem “tido vontade de frequentar” mas não o fizeram por “falta de tempo”, sem que isso incomodasse alguém, pois aldrabões de esquerda, é outro nível. Mais adiante a dupla Brandão e Nogueira deram o golpe nas escolas com contratos de associação e deixaram 12 000 professores apeados, auxiliares no desemprego, alunos à deriva com cursos cortados ao meio. É a adrenalina ao limite! Yeahh!!!
Noutro episódio fomos envolvidos no suspense dos casos Galpgate , Plasmagate, Besgate onde a equipa do CSI continua em investigação, mas que um manual de conduta no Galpgate, abreviou. É que isto prometia alongar o enredo por algumas décadas e é preciso cortar nalguns episódios de acordo com o realizador. Nada de grave.
E aquele episódio brutal do mistério no OE? Contas que não batem a “bota com a perdigota”, que puseram a cabeça num oito a quem se deu o trabalho de as perceber, com contas escondidas a ver se passa?
Ainda houve espaço para comédia com Galamba a debater economia. No Parlamento com sessões divertidas onde PCP e BE fingiram berrar contra propostas, para logo de seguida alimentar-se de saborosos sapos no bufete… Dizem eles, que austeridade de esquerda é gourmet.
Nem as beatas faltaram nesta história alucinante. Catarinas e Mortáguas, donas de uma cusquice aprumada, elas que juravam todos os dias fidelidade ao partido, e esganiçavam contra os infieis do regime, foram vistas a praticarem o pecado capitalista em compras na Zara e no Jumbo. Memorável!
Mas a novela atingiu seu pico de audiência com um momento de terror interpretado por Mariana quando quis “ir buscar dinheiro a quem acumula dinheiro”. Um episódio tenso que se tornou viral com aquela professora a dar um “chapadão à chavala”… Muito bom.
Enquanto isso, o vilão da trama, PPC, perseguido por apregoar o apocalispe, parece vir a ser o salvador disto tudo… Estranho… mas teremos de continuar a assistir para perceber o que aí vem.
Uma coisa já sabemos: foi um ano cheio de emoções fortes onde o espectador teve ainda o privilégio de uma participação forçada no financiamento arrojado desta novela da Geringonça.
Aguardemos, pois, pelos próximos episódios.