Faço parte daquela maioria quase absoluta, e silenciosa, a quem lhe foi roubado a voz, depois de claramente se ter exprimido nas urnas. Por isso, permita-me este grito de revolta, depois de ouvir sua mensagem de Natal.
O nosso maior défice não é de conhecimento, não senhor, é de governação. Andamos à deriva desde que implantamos a República em 1910. E sabe porquê? Porque o poder transforma alguns adultos em crianças birrentas incapazes de colocar a Nação à frente de qualquer interesse pessoal. Por isso, temos também maior défice nas contas deste país, onde se gasta o que não se tem, onde não se produz para ter, e depois se mendiga nos mercados, penhorando gerações inteiras sem escrúpulos. Num país onde o cidadão comum, só por atrasar impostos, mesmo depois de pagos, é colocado na frente de um juiz e responde como um criminoso, por se entender que lesa o erário público, como pode o Governo lesar com dolo, de forma continuada, 10 milhões de pessoas e ficar impune?
O único défice de conhecimento que temos, efectivamente, é sobre o real conhecimento do estado da Nação que teimam em ocultar para cumprir promessas eleitorais. Porque os rankings internacionais, na educação, colocaram-nos quase no topo das tabelas, graças às medidas implementadas, durante décadas mas que seu governo resolveu reverter num ano. Não é com políticas laxistas e o regresso dum “Qualifica”, onde se formatam ignorantes com diplomas, que se cria uma sociedade decente. Porque a decência provém do bem estar familiar, que se deve a empregos com boas condições salariais e de trabalho , que só as empresas podem garantir. Porque só elas criam riqueza. Só elas têm esse poder. Não se pode dar nem prometer nada às famílias sem criar sustento, primeiro.
Assim, como pode erradicar a pobreza infantil, a precariedade laboral, sem antes apoiar as nossas PME, condignamente, e deixar fluir a economia livremente para que prospere? Como se atreve a prometer mais às famílias sem acautelar estas entidades que as sustentam? Desde que tomou posse, sobrecarregou-as com mais impostos, mais obrigações, atrasou escandalosamente pagamentos. Quer uma economia pujante mas afugenta os investidores. Quer empresas mais competitivas mas não as incentiva. Ignora-as. Diz que é preciso investir na cultura, na educação e na ciência mas corta nesses ministérios. É neste quadro socio-económico a definhar que nos promete mais conhecimento e prosperidade?
Não. Não temos falta de doutores. Temos falta de empregos decentes criados por gente com capital, coragem e determinação para empregar esses doutores e outros. Porque uma sociedade decente assenta na diversidade social onde a riqueza não falta para dar sustento a todos. Que seria de nós se os padeiros, os mecânicos, os trolhas e tantos outros, tivessem todos seguido para a universidade? Se os investidores deixassem de investir? Se não houvesse empresas? A sociedade, tal como a natureza, carece de equilíbrio, onde os fortes não ocupam o lugar dos mais fracos, mas antes, se complementam. E aqui, por ignorância ideológica, também somos grandes deficitários.
Perante tamanha mentira em que vivemos, para 2017, desejo que governe até ao último dia do seu mandato. Mesmo quando a verdade nua e crua nos cair na cabeça, quando a festa populista acabar. Que tenha a hombridade de não provocar eleições para fugir às suas responsabilidades. Quero que assuma cada erro e que seja obrigado, você mesmo, a corrigi-los e não outros que não têm culpa do caminho errático que seguiu. Para que, aqueles que acreditaram em si, entendam de vez, que não se pode prometer o que não se tem. E que a ilusão se paga caro. E quiçá depois das cinzas, aprendamos a crescer, como Nação responsável.
São os meus votos.
Feliz Ano Novo.
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