quarta-feira, 26 de abril de 2017

ABRIL SEGUNDO OTELO

E já lá vão 43 anos a pensarmos que o Abril dos cravos fora feito em nome do povo. Todos os anos o país pára com celebrações, enaltecendo memórias de militares que invadiram as ruas em nome  da liberdade. Até que veio o dia, em que numa entrevista à Lusa em 2011, Otelo, o pai dessas operações, nos revela calmamente  que bastam 800 homens para derrubar um governo mas que um “novo Abril” só acontecerá quando lhes forem ao bolso. Está aqui para quem quiser verEm menos de um minuto caía por terra o mito de que os capitães de Abril planearam resgatar o povo da ditadura. Nem um pouco. Estavam na realidade a lutar pelos seus direitos. Alguém corrigiu isto? Nada. Silêncio absoluto. 
De acordo com as declarações de Otelo Saraiva de Carvalho, o movimento dos capitães iniciou-se por razões corporativistas quando os militares de carreira se viram ultrapassados nas promoções por antigos milicianos, devido a um decreto-lei do então governo, que permitia a entrada imediata desses antigos milicianos para colmatar a falta de capitães na guerra colonial.  Esses milicianos foram rapidamente promovidos a major ,ultrapassando os capitães, que já tinham quatro anos de curso. Assim, ao tocar nos interesses da oficialidade, provocou-se uma reacção que foi o derrube do regime. 
A verdade é que depois de derrubado o governo, em 25 de Abril de 1974, voltamos a ficar reféns de outra ditadura: a comunista. Quem não se lembra do PREC e suas consequências nefastas para a Nação? Não fora o 25 de Novembro de 1975 liderado por Jaime Neves e  hoje não estaríamos aqui a escrever no Blasfémias. Teríamos no mínimo um país à semelhança de Cuba, Venezuela, Coreia ou Rússia. Esse é um facto irrefutável. E é a este último golpe que devemos a liberdade que temos hoje. 
No entanto, depois de tamanha luta, que tipo liberdade temos afinal? Sim podemos nos exprimir, podemos nos manifestar mas  de pouco no vale. Estamos “amarrados” e “amordaçados” por um país  que nos leva 41,5% do nosso suor só em impostos sobre o trabalho, não incluindo os impostos sobre consumo como o IVA, e demais taxas e impostos indirectos, como IMI, ISV ou IA, ou IUC que tudo somado são 70% de nosso rendimento que vai à vida sem que possamos fazer nada; um país onde não há limite de endividamento que levam ao aumento da carga fiscal; um país onde as leis são feitas à medida para não deixar escapar os pobres mas permitir salvar os muito ricos; um país que criou uma classe política impune mesmo levando a Nação várias vezes à falência por governação danosa e corrupção; um país que não permite a livre escolha na educação nem na saúde; um país que discrimina trabalhadores nos seus direitos consoante sejam do Estado ou do privado; um país que selecciona nos mídia o que permite ser visto ou ouvido; um país que permite SÓ partidos derrotados nas urnas, no governo.  Esta é a liberdade conquistada.
Ironicamente, precisamente quatro décadas depois de Jaime Neves nos resgatar de uma segunda ditadura, eis que pela mão engenhosa de Costa e sem escrutínio dos portugueses, eles, os HOMENS do PREC, estão de novo a conduzir os nossos destinos. 
Isto é liberdade?

sexta-feira, 21 de abril de 2017

DESRESPONSABILIZAR? NUNCA!

A viagem de finalistas a Espanha deixou muita gente chocada. E com razão. Não é todos os dias que somos manchete com uma expulsão de 1000 alunos de um hotel por destruição. É inevitável o repúdio por tamanha estupidez protagonizada por jovens de 17 anos. A “brigada do costume” não tardou a desresponsabilizar estas pobres criaturas culpando o álcool, a organização, o hotel, a “tenra idade” e sabe-se lá mais o quê só para desculpabilizar os “pequenotes”. Tadinhos. De facto são umas pobres vítimas desta sociedade que não os compreende quando tudo não passa de “excessos de diversão mal calculada”. Nada que já não tenha acontecido no passado, logo,  perfeitamente justificável. Será?
Há dois tipos de pais: aqueles que confiam cegamente nos filhos; que acham que seu papel se resume a impedir que sintam frustrações; que querem ser os melhores amigos, e pais do Mundo; não conseguem dizer “não” e sentem-se tristes quando o fazem;  que vivem exclusivamente para os “rebentos” a ponto de não os largar  nem um minuto; sofrem imenso com as distâncias por isso têm de manter um contacto constante; desculpam tudo porque tudo tem sempre uma justificação menos por falha. São pais “hiper” protectores vulgo corujas.
Depois há os outros: que desconfiam de tudo; estão sempre atentos às manobras; não se deixam levar nem sensibilizar com facilidade; frustram-nos com mais “nãos” que “sins” como treino para a vida e não se culpam por isso; não se importam de serem os maus da fita; controlam, exigem, responsabilizam; são acima de tudo educadores por isso sabem que o papel de melhor amigo nunca será seu, nem pode ser; soltam-nos para a vida porque sabem que são do Mundo e não deles; sofrem com as distâncias mas não o demonstram porque o que importa é a felicidade dos filhos mais que a deles; protegem à distância como quem não quer a coisa. São os pais fortaleza. E eu, incluo-me neste último.
Sou mãe de três “pequenos”. Uma com 30 que já voou há muito. Muito bem sucedida. Os outros dois, uma com 17 outro quase 11,  continuam debaixo do meu comando. Rédea curta. Muito curta. Não há cá cenas do adolescente rebelde ou benjamim mimado: ambos sabem que é tempo perdido. Porque aqui há regras. Duras. Mas são preciosas ferramentas para a vida. São crianças felizes mas com limites. Sabem o certo e o errado desde o tempo da fralda e consoante foram crescendo, apenas fui acrescentando mais deveres. Sabem que quem cumpre tem recompensa, logo, esforçam-se por não desiludir. Se o risco é pisado já sabem: “vai haver milho” mas não se chateiam. Sabem que faz parte do “contrato” ter castigo quando há falhas no cumprimento das regras: será uma semana sem tlm, uns ténis que não se ganha, mas será essencialmente uma aprendizagem que eles não esquecem e passarão aos filhos. E digam o que disserem, a educação que se leva de berço, influencia as condutas futuras.
É sabido que numa viagem de finalistas há sempre vários culpados. Porque para acontecer tamanho escândalo tinha de haver falhas e isso não pode ser ignorado. Começa pelos pais que de tanto que querem proporcionar aos filhos, não os deixam amadurecer o suficiente antes de lhes oferecer a sua primeira viagem de sonho. Miúdos com apenas 17 anos em grandes grupos soltos num país estrangeiro, só por si deveria ser o suficiente para os papás dizerem “não!”. Porque aqueles pais  que não se esqueceram do que foram, sabem o quanto é fácil ir além das regras, o quanto é perigoso viajar em grandes grupos, o quanto se é influenciável e impreparado para viajar nestas circunstâncias quando se é adolescente. Por outro lado, mostram ingenuidade ao não saber acautelar os interesses das crianças assinando contratos de cruz sem se certificarem do conteúdo. É sabido que as organizações têm muitas vezes comportamentos ilegais e sem salvaguarda há perigos. Como se pode deixar filhos com estranhos sem garantias? Depois as escolas que não se certificam da idoneidade de quem promove estes eventos sem verificar background das outras viagens e respectivos feedbacks. Por último e não menos importante, os jovens, que, por falha na educação, não sabem estar, não sabem divertir-se, não distinguem o certo do errado levando tudo pela frente em nome da diversão.
Estas situações podem ocorrer com os filhos de qualquer um de nós quando todos os requisitos se juntam para a catástrofe mesmo com a melhor educação. Mas o certo é que se todos os pais exigissem na mesma proporção, mais difícil seria nascerem no grupo “pequenos terroristas irresponsáveis”.
Desresponsabilizar é um erro crasso porque perpetua os comportamento erráticos no jovem. E uma sociedade que não sabe educar jamais terá adultos responsáveis e de carácter.

QUAL ESQUERDA! QUAL DIREITA!

Não entendo como ao longo dos séculos ainda não se abandonou a terminologia esquerda e direita,  com origem na Revolução Francesa. Pior do que isso foi atribuir uma carga negativa à direita de tal modo que ninguém se quer identificar com ela, quando deveria ser precisamente o oposto. É à esquerda que devemos as ligações aos piores ditadores de sempre, chacinas em massa, privação absoluta de liberdades, fome, miséria e injustiças. A História não mente. Agora mesmo a Venezuela é bom exemplo disso. Mas curiosamente, nas escolas, ainda hoje,  passam a ideia que ser de esquerda é ser pelos desfavorecidos das classes trabalhadoras. Ser de direita é ser pelos ricos e opressores. Nada mais falso.
Com efeito, foi com a Revolução Francesa em 1789-1799 que a terminologia surgiu. Quando os jacobinos (radicais alinhados com a baixa burguesia e trabalhadores) e girondinos (moderados com tendência à conciliação e com boa articulação com a alta burguesia e nobreza) reuniram no salão da Assembleia Constituinte para redefinir os destinos de França, os primeiros, em busca de representatividade e legitimidade política, sentaram à esquerda,  os segundos à direita, dando lugar a novos modelos políticos, sociais e culturais que viriam a espalhar-se pela Europa. A Revolução francesa era expressamente progressista influenciada pelo Iluminismo francês e os girondinos mesmo ligados à tradição estavam inseridos nesta perspectiva. Dito de outra forma, todos, quer uns quer outros lutavam à época contra a monarquia absolutista, divergindo apenas na forma  de chegar à sociedade ideal.
Curiosamente foram os radicais jacobinos, que protagonizaram o Período do Terroronde defendiam o terrorismo de Estado, liderado por Robespierre e que supostamente pretendia fazer uma perseguição aos girondinos, mas que acabou por ser um extermínio de todos os opositores considerados inimigos da revolução, inclusive alguns dos próprios jacobinos que haviam sempre apoiado a mesma. Isto não vos lembra nada?
Nasceu a partir daqui o comunismo, socialismo,  fascismo, liberalismo e por aí fora. Na sua base, todos  querem uma sociedade mais justa com direitos iguais, sem pobreza, onde todos têm igualdade nas oportunidades. Porém, é a forma de lá chegar que os distingue profundamente. Os comunistas e fascistas acreditam que é no fim das classes sociais com um Estado forte totalitário, que concentra em si toda a actividade económica, distribuindo depois a riqueza consoante as necessidades de cada um, que está a sociedade perfeita e justa. Os sociais democratas e liberais entendem que pelo contrário, o Estado deve ser reduzido deixando livre a economia para fluir e gerar riqueza que depois fortalece o Estado Social de modo a que este assegure direitos fundamentais aos mais carenciados.
Ora, a História já comprovou as duas teorias. Os primeiros deram origem a ditaduras, algumas sanguinárias, sobre uma sociedade de pobreza extrema, manietada, oprimida, sem direitos e estão em vias de extinção no Globo. Os segundos, a sociedades que prosperam e crescem a olhos vistos carecendo apenas de uma maior regulação e controlo, projectando-as a níveis de desenvolvimento jamais registadas antes do século XIX. Dá que pensar.  Afinal qual é o modelo amigo dos pobres?
Acredito que é por mera ignorância promovida nas escolas que leva pessoas a pensarem que são de “esquerda” sem na realidade o serem. Porque quem defende o fim das injustiças sociais, da erradicação da pobreza, tem forçosamente de ser apoiante de uma corrente ideológica social democrata ou liberal. Nunca outra. Porque é precisamente ao estimular fortemente a economia, dando liberdade e espaço  às pessoas para prosperarem e criarem postos de trabalho, que uma sociedade cresce para a erradicação da pobreza e nunca o contrário. Isto claro, enquanto o Estado Social se dedica apenas a promover o bem estar dos cidadãos.  As correntes comunistas, pelo contrário, são desenvolvidas por burgueses e ensinam um grupo a viver a sombra do Estado prometendo prosperidade porque sabem que não podem assumir o poder sozinhos. Precisam de criar uma clientela à sua volta, no Estado, bem “alimentada” com promessas de bons salários e muitos direitos que lhes assegure o voto. E depois, em nome da igualdade condicionam as liberdades de todo um povo para governar “sem opositores”.
Por isso não há cá direita nem esquerda. Há apenas pessoas que acham que o Estado tudo lhes deve garantir sem terem de se esforçar muito,   e outros que acreditam que é no trabalho e liberdade individual que se conquistam as coisas.
Sem demagogias e filosofias baratas trata-se apenas , numa linguagem simples, de lutas entre as cigarras e as  formigas.
Só isto.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

TRABALHA TUGA!!

Trabalha todos os dias como um mouro para pagar as suas contas e impostos? Não faz férias, corta nos passeios em família, restaurantes, cinema, roupas e actividades dos miúdos para aguentar a austeridade imposta? Pronto. Tenho uma boa notícia para si. A Avoila, essa inútil senhora,  vai convocar mais uma manifestaçãozita dia 26 (mais uma 6f) para obrigar o governo a dar mais umas regalias à função pública, aquela que ele engordou e que você já suporta com muitos sacrifícios. Sorria porque caso eles aceitem, é você quem vai suportar mais  essas despesas. 
É verdade. Parece que não chega o que Costa já fez em apenas  ano e meio a esta classe. É preciso pôr rapidamente o país a bombar para pagar mais à função pública. Porquê? Porque  e passo a citar nossa querida Avoila: “sabemos que há dinheiro porque o país, segundo as opiniões e as estatísticas, está a viver melhor” Fantástica conclusão a partir das balelas do Costa. E agora? Como vai nosso querido primeiro ministro descalçar esta bota? Quem o mandou mentir? De facto, ela tem razão. Se o país  está a prosperar, pedir não custa, certo?
O problema disto tudo é que o Estado não se sustenta. Precisa do sector privado para pagar salários públicos, pensões, subsídios e despesas correntes. E não chega!!!! Por isso, ainda tem de ir aos mercados quase mês sim mês não, para se financiar, melhor dizendo, se endividar. Acontece que esse endividamento também nos custa caro porque o Estado não é quem paga esses empréstimos mas sim, o desgraçado do patego do contribuinte. Ora, para que eles tenham uma vidinha boa e regalias todas para a sua classe, nós os carrascos andamos a penar a vida inteira para os sustentar. Mais: é mentira que o país está melhor. O país apenas respira ligado às máquinas. Basta que falhe a luz e… puf! Morremos. O ar que recebemos é artificial e depende da boa vontade dos outros para chegar. O tal crescimento que faz este governo ter orgasmos, é anémico e não cobre nem de longe nem de perto as actuais responsabilidades financeiras da administração pública.
E o que andamos nós  a sustentar? Ora coisa pouca: subvenções vitalícias a 75 deputados aos 50 anos13 mil milhões afundados na banca; elevados prejuízos nas empresas do Estadoregalias dos ex-presidentes da repúblicaas remunerações e subsidios dos políticos659 mil funcionários públicos; 3 627 mil pensionistas280 mil desempregados1194 professores com horário zero. Como tudo isto ainda é pouco, Avoila e seus camaradas querem integrar de numa tacadinha só 330 mil precários para o quadro, estender as 35h semanais, 25 dias de férias, aumento salarial até 4%, diminuição  para 1,5% as contribuições para ADSE, descongelamento das progressões automáticas (progredir só pelo tempo passado mesmo que seja um péssimo trabalhador), reduzir as penalizações nas reformas antecipadas e que seja reposta a fórmula de cálculo nas pensões e as condições gerais de aposentação. Coisa pouca num país quase falido e que depende da caridade alheia.
Por isso, trabalha tuga! Trabalha muito para generosamente alimentar este Estado guloso e obeso. Trabalha até aos 66 ano três meses, mas despacha-te a envelhecer antes que passe para os 67, 68, 69… 70! E sorri, sorri muito, porque será, como diz o Costa, por um bem comum e deves ficar orgulhoso pela tua pátria!
Lixado, tramado e teso mas com medalha do contribuinte mais tanso, ao peito!

quarta-feira, 5 de abril de 2017

ESTAMOS LIXADOS!

Se pensava que ter todas as esquerdas, inclusive as que não saíam da oposição devido aos seus miseráveis 10%, AGORA no governo, a sua vida e a do país melhoraria e passaríamos a viver na prosperidade, com melhores políticas sem custos para os contribuintes, enganou-se. Tirando os funcionários e pensionistas públicos, tudo o resto continua igual para pior. Continua a  austeridade sem se saber porquê pois apesar de termos o “melhor défice” (risos!!!) e supostos “bons indicadores económicos” (gargalhadas!!!!)  temos de desembolsar mais impostos , pelo segundo ano consecutivo. Temos que aguentar com mais cortes em todos os serviços do Estado que os degradam a níveis insuportáveis. Temos de viver com menos ao fim do mês porque somos sugados pelos impostos camuflados. Só isto? Não. Carregaram-nos com mais 10 mil milhões  a bancos que sairão direitinho de impostos pagos por nós… Maravilha. A austeridade é boa  e as esquerdas fazem-na  prosperar …
Com efeito, esta “engenhosa coligação”, que afirmava nunca admitir mais dinheiro na banca dos contribuintes, já tinha conseguido um feito “notável” com a venda do Banif em 3 semanas. O melhor negócio possível diziam eles pois seria o menos custoso para os cidadãos. Jura? Vender o banco ao Santander por 1800 milhões e ao mesmo tempo o Estado contrair um empréstimo ao comprador para minimizar os custos no défice de 1800 milhões, é poupar contribuintes? Claro que não. Mas a marosca foi perfeita. Assim, impediram que o assunto transitasse para 2016 e com o nova directiva da UE,   tivessem os accionistas e os depositantes acima de 100 mil euros de entrar em 1º lugar com o dinheiro. Ora, nada que interessa a este governo pois assim não poderia salvar os amigos presos à ruína do Banif. Assim, pagamos todos por alguns. Simples.
Depois veio a novela da CGD. Só mais 5 mil milhões diziam eles… Coisa pouca. Nada de investigar, prender, arrestar todos os bens dos que puseram a instituição nesta situação e executar judicialmente, em regime especial, sobre esses canalhas. Não. “Keep calm” que há o perigo endémico, dizem eles. Por isso boicota-se a CPI não vá o diabo tecê-las e descobrir quem são os autores deste descalabro (outra vez amiguinhos, claro!) . E rapidamente é preciso ir aos bolsos dos contribuintes,  porque não passam de  ovelhas mansas, fazendo-as acreditar que era uma operação urgente mesmo tendo ficado em banho maria um ano… E depois, negoceia-se uma recapitalização com Bruxelas em que Domingues propõe o fecho de 180 balcões, despedimento de quase 3000 funcionários (assim como quem come tremoços!!!) e uma venda nos mercados financeiros do Luxemburgo de dívida perpétua fechada com sucesso, a uma taxa de quase 11%. Ena! Ainda bem que somos contribuintes ricos para aguentar tanta generosidade a privados.
Agora, tivemos mais um bónus de 3 mil milhões. Costa veio pomposamente junto com seu pupilo amestrado anunciar que foi concretizada a venda do Novo Banco. Aquele banco que resultou da resolução do BES e que supostamente era o banco bom. Mas era tão bom, tão bom que vai-se lá saber porquê, ninguém o quis a não ser um fundo abutre que ainda exigiu a participação de 25% do Estado. Ou seja, a venda foi parcial tendo a Lonestar ficado com tudo o que supostamente era bom do banco. O Estado aceitou ficar com a porcaria. Porcaria que não vai dar de si já. Só mais daqui uns anitos. Não é um negócio genial?
Não era suposto estarmos a salvo destes assaltos do sistema financeiro agora que todas as esquerdas unidas e amigas dos pobres e desfavorecidos, impiedosos com os banqueiros corruptos, sensíveis à miséria que a austeridade criou em Portugal, decidem no país? Era. Mas tal como se vê, com esquerdas tudo piora. As promessas foram com o vento. O BE e PCP assobiam para o lado umas vezes, berram outras, mas aprovam tudo sem precisarem de pastilhas para a azia.
Estamos mesmo lixados.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

O DÉFICE DE 2016 É UM EMBUSTE

O défice que nos apresentaram é uma perigosa bomba relógio. Não há mérito nenhum nos 2,1%. Muito menos prova que usando outras políticas se consegue os mesmos objectivos como disse Marcelo. O que há são malabarismos grotescos, diria quase criminosos, de “chico-espertice tuga” que escondem o maior embuste, depois de Sócrates, fundamentado em mentiras, patranhas e ilusões para o iletrado cidadão. Uma falta de respeito por toda uma Nação a quem se pede constantemente sacrifícios fingindo ser pelo bem de todos. Uma mentira abençoada pelo PR que nos deveria fazer corar de vergonha. Infelizmente.
Comecemos pelo dito feito histórico que não o é: em 1989 Cadilhe então ministro das Finanças de Cavaco Silva, alcançava exactamente o mesmo décifit. Mas claro que os jornalistas “não se deram conta” e por isso, nunca fizeram contraditório. Esta é a mentira útil da propaganda para cegar sobre a realidade. Transmitir um sucesso falso para criar um bem estar na população que aguente, pelo menos, até às autárquicas.
Agora vamos às ditas contas: estão a ver os mágicos que tiram coelhos das cartolas? Os coelhos estão mesmo lá dentro? Pois. Não estão mas parecem estar. Esse é o princípio utilizado nestas contas de Centeno. Não é preciso que o seja, mas sim, que o pareça. E parece que o défice reduziu quando o vemos pomposo e com cara de anjinhos a dizer à boca cheia que não houve malabarismos nem habilidades apenas fruto de muito trabalho. Ora, caso para dizer que se houve “muito trabalho” foi na “árdua” tarefa de “esconder debaixo da carpete” tudo o que faz subir o tão almejado déficit. Vamos ver como?
É simples: contabilizam-se todas as receitas extraordinárias, não autorizadas,  que provocam uma diminuição pontual do défice, as “one-off” e metem-se na gaveta as despesas extraordinárias, estas sim, autorizadas, que o aumentam. Assim, e ao contrário do estabelecido nas regras contabilísticas da UE,  utiliza-se para efeitos de redução, receitas pontuais não repetíveis, como a venda dos F16 (0,1% PIB), o PERES (cerca 600 milhões 0,4% PIB), reavaliação de activos (170 milhões  0,1% do PIB), cativação indevida dos lucros que o BdP teve com a compra de dívida da Grécia e que não foi devolvido à Grécia (0,1% do PIB), devolução pela CE de 302 milhões de euros pagos por Passos Coelho em Julho de 2011 como caução aos empréstimos da Troika ( 0,2% do PIB), cativações de despesas públicas (410 milhões  0,25% do PIB). Ora, se somarmos este valor, 1,15%, ao défice oficial temos um aumento para 3,2%. Se a isto juntarmos ainda os cortes de mais de 1000 milhões em investimento público e a poupança de 350 milhões em juros proporcionado pelo anterior executivo, esse valor subiria para 3,6%. Isto enquanto por outro lado se beneficia por não levar ao défice despesas pontuais, como intervenção em bancos, essas sim, totalmente aceites pela UE.
A realidade vai-nos explodir nas mãos quando todas as instituições do Estado em sofrimento financeiro  obrigarem a desembolsar as verbas necessárias para não colapsarem; o peso das reversões e aumento de dívidas sem planeamento só para cumprir promessas eleitorais caírem TODAS nas contas; quando já não for possível aguentar mais o acumular de horas extras por falta de pessoal graças à redução para 35h na função pública. A bomba vai estoirar quando o BCE deixar de  comprar dívida soberana por via da inflação registada na UE que ajuda a fingir que só pagamos 4% de juros quando na verdade, sem BCE, seriam de 6 a 6,5%. Quando a CE detectar o embuste
É mentira que com novos governos e novas políticas se constrói o mesmo caminho. Quando se trata de gerir, as regras são sempre as mesmas: nunca gastar acima do que se produz. E quando se gasta mais do que se pode, o caminho de regresso nunca se faz abrindo cordões à bolsa.
A geringonça abriu a Caixa de Pandora. Resta-nos aguentar com o impacto.