segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

AFINAL, PARA QUE SERVE A CGD?

É curioso como de repente a CGD deixou de ter importância. Agora, já não é urgente a recapitalização de 5 mil milhões negociada à pressa com Bruxelas. Já não importa que esteja sem administração há 1 ano. A CGD é tão importante para a economia portuguesa que a puseram a “vegetar tranquilamente” à espera que nova equipa http://observador.pt/2016/12/01/paulo-macedo-tera-aceitado-convite-para-a-administracao-da-cgd/ entre em funções. É um silêncio ensurdecedor.
Era suposto, no seu conceito público, de ser 1 banco de apoio à economia. Mas na verdade foi, como sempre o é, toda a coisa pública, um antro de promiscuidade entre privados e políticos. Só quem nunca passou pela actividade empresarial é que não sabe que a CGD nunca serviu as PME. Pelo contrário, dispensava-as descaradamente porque não se estavam para chatear com elas. O grosso do negócio era a captação de crédito habitação onde o desgraçado do particular ficava logo “penhorado” como garantia do negócio, quase sem risco, ao invés de  empresas que podiam abrir falência para reabrir noutro sítio. Correr riscos na CGD em prol da economia? Naaaaa. Mas em prol dos amiguinhos políticos, por biliões,  sem garantias, isso já é outra história…
No meu tempo de Directora Financeira, tive a infeliz ideia de bater à porta da CGD quando, ao fim de muitos anos sem precisar verdadeiramente do apoio bancário, resolvi pedir empréstimo com GARANTIA REAL, para fazer face aos desafios que me tinham sido colocados pela forte concorrência espanhola devido ao nosso aumento de IVA , que já nos prejudicava com 17% (em Espanha era 16%) e que passara a 19%. Era preciso aumentar competitividade para travar os galegos. Mas um redondo – “ Cristina, nem vale a pena mandar isto para Lisboa. Não vai dar em nada. Mas envio só por descarga de consciência” – do gerente amigo e conhecedor daquela entidade, haveria de me remeter para para a realidade. E a realidade era que, se já nos bancos comerciais privados, era 1 luta dura porque os bancos não existem para os dias de aperto mas sim para quando não se precisa deles para nada, a CGD, era mais inútil ainda. Nem se maçava connosco. Acabei por conseguir no Crédito Agrícola, um banco com o qual nem sequer trabalhava…
Em teoria, as empresas públicas são instituições sem fins lucrativos cujo objectivo é a prestação de 1 serviço público, de qualidade, onde os lucros que houver são para melhorar o serviço dado ao consumidor. Sempre. Mas a prática mostrou aqui e no Mundo inteiro, que não passam de incubadoras de corrupção nojenta paga pelo pobre contribuinte. Sempre. E algumas, como se não bastasse,  com prejuízos medonhos… Que o diga Ricardo Salgado com 1 dívida do GES à CGD!!! Mas desde quando é que bancos privados se financiam em bancos públicos SEM GARANTIAS REAIS enquanto o desgraçado do empresário, nem com garantias consegue? E aqui http://observador.pt/2016/06/14/caixa-tem-23-mil-milhoes-de-euros-em-risco-quem-deve-mais/ mais uns quantos amiguinhos a fazerem o mesmo.
Enquanto tudo isto foi possível, agora para pôr esta casa em ordem, serão despedidos quase 3000 funcionários, fechados balcões, inventar-se-ao mais  taxinhas como o euro a pagar para cada actualização de caderneta, entre outras entretanto inventadas, para cobrir o défice da criminosa irresponsabilidade dos que por lá mandaram…
Para que serve a CGD se não serve os interesses dos clientes que a pagam para existir?

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