segunda-feira, 14 de novembro de 2016

QUEM NOS EXPLICA ISTO?




O problema não é a declaração de rendimentos, se ela deve ou não ser entregue. Porque disso não temos dúvida. A lei de 1983 é clara.

O real problema que ninguém parece querer ver, é o do presumível compadrio de dois ministros, em que um deles é Primeiro Ministro de Portugal, a criarem condições especiais a um grupo de administradores de um Banco Público, à revelia da Constituição, mesmo que para isso tenham feito um decreto- lei à medida, para justificar a legalidade do acto. Ora isto é tão grave que não entendo a forma como este assunto é tratado sem que estejam, já,  os mecanismos legais acionados contra estas duas figuras do Estado e se deixe cair a culpa em cima de quem recebeu promessas para aceitar os cargos. Só numa ditadura é que tal seria possível. Estamos perante o favorecimento ilícito dentro do governo, ao mais alto nível, e ninguém faz nada? Nem a justiça quer saber do caso? É vergonhosamente escandaloso e estranho. E está a acontecer aqui mesmo, no nosso país que dizem ser democrático, em plena Europa. A sério?

Mas o cenário piora quando à mistura, se junta um Presidente da República que finge não ter visto e promulgado o decreto manhoso.  Que agora, do alto da sua indignação, exige o cumprimento da decisão do Constitucional. Mas tomam-nos por idiotas?

A acrescentar a tudo isto, que já não é pouco, está uma comunicação social, completamente manietada, a tentar fugir por entre os pingos, contornando perguntas, saltando assuntos, minimizando factos, para atenuar o que há uns míseros 3 anos teria despoletado a ira de todos os quadrantes políticos e sociais, exigindo a demissão imediata, e diga-se, justa, dos dois prevaricadores. Mas não. Não se passa nada. Porque a culpa não é de ninguém senão dos aspirantes a administradores da CGD, que não se dignam a cumprir a lei. É isto que os média andam a dizer...

Enquanto esta novela venezuelana vai passando nas tv’s, não há nem um esganiçado/a de serviço. O silêncio ensurdecedor contrasta com os pseudo valores democráticos e de transparência, de justiça e o  “blá, blá, blá das tangas” a que nos habituaram. Pelo menos há coisas boas quando as esquerdas todas se juntam para governar: caem as máscaras.  Estes, já não enganam senão a eles próprios...

Entretanto,  a comunicação social  desvia-nos a atenção para o que se passa do outro lado do Atlântico, para que esquecemos que o nosso país caminha a passos largos para um regime com tiques totalitaristas, onde ministros vão à bola com empresas em litígio com o Estado e não são destituídos; onde ministros encobrem falsos licenciados sem consequências; onde ministros substituem de cargos, sem justificação; onde ministros criam leis de favorecimento a terceiros, dentro da função pública e nada acontece; onde se desresponsabiliza autarcas por má gestão.  Em suma, onde tudo é permitido às elites sem consequências.

Isto não é democracia.

Vale a pena começar a pensar seriamente nisto.

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