quinta-feira, 29 de setembro de 2016

JE SUIS SCHAUBLE

Num momento em que todos se insurgem contra o ministro das finanças da Alemanha, eu digo: “Je suis Schauble”. 

Em 1993 integrei o departamento financeiro de 1 empresa onde o crédito cedido era de 90% do qual 50% era mal parado. Nos bancos contas constantemente a descoberto. Liquidez praticamente nula.  Impus rigor orçamental,  e fui negociar com os meus devedores 1 plano de pagamento. Descobri que havia 2 tipos de devedores: os que devem por motivos alheios à sua vontade e querem cumprir e os que “entretêm” o credor para mais tarde voltar ao mesmo, sem cumprir nada.  Com a minha dureza na recuperação de crédito  e rigor financeiro imposto na empresa, ganhei a confiança dos bancos e dos fornecedores. Equilibrei as contas o que me permitiu melhorar as condições aos clientes cumpridores e aos funcionários.  Ganhei prestígio na região onde era conhecida pela mão de ferro na gestão. Mas era temida e odiada pelos maus clientes. Aqueles que achavam que os créditos não eram meus, eram deles para fazerem férias na República Dominicana ou comprar Ferraris. 

A governação é em todo igual a uma empresa. Não há crescimento e confiança sem equilíbrio e rigor financeiro. Sem dureza e firmeza nas metas orçamentais. E Schauble sabe disso. Atento às políticas de reversão do actual governo e consequentes resultados negativos na economia, o aviso veio como um terramoto: “Assim Portugal caminha para outro resgate”. Ofendidos por este abanão? Temos pena.  Bastava termos seguido as metas em curso pelo anterior executivo, as quais o próprio Costa elogiou em Bruxelas, e teríamos hoje, não só o apoio e confiança da UE como seríamos apontados (já o éramos), como o exemplo a seguir na recuperação económica. Só se revolta contra Schauble quem é mau pagador. Quem vive de empréstimos sem intenção de os honrar. Não merece as nossas críticas por este alerta. Merece nosso agradecimento.  

Sim. "Je suis Schauble".

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