domingo, 19 de março de 2017

Só Pode Ser da Primavera

A explicação só pode estar na aproximação da Primavera onde os passarinhos cantam, as flores florescem, as paixões nascem para se entender esta euforia à volta do défice de 2,1% (Sócrates conseguiu 2,6% antes de falir) e das melhorias económico-financeiras que ninguém vê nem sente e muito menos aplaude, a não ser claro o nosso Governo com o devido colinho do Presidente da República.  Costa diz que contra factos não há argumentos; Marcelo fala em preconceito dos investidores com governo BE e PCP; Centeno lamenta-se da injustiça dos mercados que não entendem todo este esforço à volta do incrível défice. Realmente estar apaixonado é outro nível.  Cega.
Eu devia fazer o mesmo, pegar numa prancha e surfar nas ondas das estatísticas e quem sabe não apanho uma onda boa tipo canhão da Nazaré e me deixe levar nesse optimismo deslumbrante… Mas tenho esta mania de achar que 1 e 1 são 2 e talvez por ter sido divorciada e saber que quando 1 e 1 podem ser 3 ou 4 é porque algo vai muito mal, não sou fácil de enganar.
Ora já sabemos que a Primavera pode ser  sempre que um homem quiser. Basta ir comprar flores às estufas e espalhá-las pela casa, ou pôr passarinhos a procriar in vitro e colocá-los depois numa gaiola na cozinha à espera que cantem. Sim. As coisas não têm necessariamente de ser. Basta parecer. E assim se engana a malta mais um poucochinho até ao estoiro. Sim, martelar a matemática é possível. E quando estourar? Bom, aí é só dizer que a culpa é dos outros e está feito!
Porque de facto a realidade vai tomar conta do cenário primaveril e aplicar a vacina contra a paixonite aguda que cega os incautos. Não tenhamos qualquer dúvida: a dívida que ao contrário do défice, este governo aumentou consideravelmente, está a afastar os investidores. E sem criação de riqueza, Portugal não cresce o suficiente para suprir suas necessidades. Ora, num cenário onde se perpetua a continuidade de gastos superiores à riqueza produzida, ninguém arrisca em colocar 1 cêntimo. Os investidores não são parvos, meus senhores. Sabem muito bem que um governo incapaz de cortar despesa irá forçosamente aumentar mais ainda os impostos, já por si os mais elevados da OCDE, para segurar o país. Ora quem é o burro que vai investir e trabalhar para aquecer?
E isto não é só. É preciso urgentemente proceder à reforma do Estado porque sem um Estado com contas equilibradas, é difícil que haja investimento. A desconfiança será  sempre elevada  porque ninguém acreditará que um Estado em falência técnica não venha a assaltar os contribuintes privados para garantir sua sobrevivência. Tão simples quanto isto.

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