segunda-feira, 6 de março de 2017

Quem Manda no Banco de Portugal?


O país anda em alvoroço com uma reportagem da SIC “Assalto ao Castelo”. E não é para menos. Agora as suspeitas confirmam-se: desde 2009 que havia indícios que BES estava falido. Em relatório entregue pelo BPI, Banco de Portugal tomaria conhecimento do facto. Mas o que é que isto tem de novo? Nada. Em 2010, Vítor Constâncio, então Governador do Banco de Portugal, protagonizava  falhas na supervisão no BPN, BCP, e BPP que custaram aos contribuintes só 9 500 milhões de euros!! Foi substituído? Não. Este brilhante Governador viu seus méritos compensados ao ser nomeado vice-presidente do BCE na função de responsável pela… supervisão bancária, agora da UE! Exactamente isso que acaba de ler! E só por isso deixou seu cargo para o sucessor então vice-presidente, Carlos Costa.

Ora, como se vê, já vem de longe esta inércia do Banco de Portugal na supervisão bancária. Contra factos não há argumentos. A questão é: porquê? É aqui o busílis da questão e é aqui que se tem de agir rapidamente. Não são substituições de A ou B que resolvem o problema porque o problema não está nos governadores, está nos banqueiros DDT (donos disto tudo) e no poder que lhes é dado pelos políticos para agirem como agem. Simples.

Quem viu a reportagem não pôde ficar indiferente ao assustador poder de Ricardo Salgado nos meandros da política. E só isso justifica os imensos polvos que ele criou envolvendo praticamente todos os sectores da economia. Tentáculos gigantes que sozinho nunca conseguiria fazer proliferar de forma tão agressiva, passando por Dubai e Angola que se serviam do banco como "lavandaria".  Pior ainda, era o "à vontade" com que o fazia. Sem temer ninguém porque ninguém estava de "fora do polvo". Foi obra, diga-se, de um grande mestre da fraude a quem todos se curvaram e ainda se curvam apesar de arguido no caso BES e Marquês. Um poder tão assombroso que lhe permite não estar preso preventivamente como autor da maior fraude bancária jamais vista em Portugal. Um ser perigoso que  todos  temem. Todos, menos um, PPC, que provocou sem hesitações a queda do Império.  Terá sido por isso que Carlos Costa resolveu finalmente abrir o jogo?
Por outro lado, é nítida a ligação do BES a outros escândalos: na CGD pertence ao grupo dos maiores devedores com uma exposição de  237,1 milhões e 79 milhões em imparidades; a queda  da PT com venda à OI ; o caso dos 10 mil milhões que saíram para offshores supostamente sem controlo da AT onde cerca de 5 mil milhões eram da PT de quem o GES era também administrador… Ou seja, um ninho de ilegalidades  à vista de todos que ninguém quer aprofundar porque se o fizerem são todos caçados com rabo preso na armadilha da corrupção e abuso de poder.  Logo, todos fogem como o diabo da cruz das CPI’s que possam pôr a nu esta miséria incontestável de promiscuidade política em negócios ao mais alto nível. Que restaria da classe política se tudo fosse realmente investigado? Muito pouco.
Por isso, Costa que tanto se indignou com o caso offshores, que só trouxe a lume para lançar areia nos olhos dos portugueses e ainda mais  com o caso BP no BES, diz agora tranquilamente que não há pressas ou motivos para substituir o governador. Tão óbvio que até aleija.
Enquanto não mudarmos o sistema eleitoral e continuarmos a votar em listas em vez de pessoas, permitindo que os partidos façam girar o poder entre amigos, longe do escrutínio popular, enquanto não houver mecanismos que permitam automaticamente suspender de funções responsáveis de cargos públicos ao 1º sinal de prevaricação e  responder criminalmente com seus bens, teremos todo o tipo de gente com assento Parlamentar sem que nós, os eleitores, possamos fazer nada para os impedir. 
Enquanto isso, o "crime" compensará sempre porque sairão sempre impunes por muito que lesem o Estado. E os DDT continuarão a existir e mandar nisto tudo.
Esse é o problema. 





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