terça-feira, 14 de março de 2017

Os Donos Disto Tudo

Em 2008 um terramoto financeiro abalava o Mundo: o intocável e respeitado coordenador-chefe da NASDAQ Bernie Madoff,  era acusado de mega fraude num esquema Ponzie. De ascendência judia, este talentoso corretor, percebendo a volatilidade dos mercados bolsistas, idealizou um esquema onde só haveriam ganhos sem riscos, prometendo 10% de retorno a quem investisse num Fundo de entrada limitada e exclusiva. As fortunas recebidas iam directamente para a conta pessoal de Madoff sem nunca passar pela Bolsa. Para manter as aparências construiu um escritório para servir de fachada. Noutro, escondido, funcionava o cérebro das operações fictícias em bolsa, com software para falsificar toda a documentação. Por se tratar de supostos “investimentos em Fundos de Alto Risco”, muito pouco regulamentados nos EUA, foi poupado pelo SEC – Security Exchange Comission, e andou décadas sem ser descoberto.  E mesmo quando foi fiscalizado, esqueceram-se de verificar sua inscrição no mercado bolsista. Apenas lapso? Só mesmo a queda de Wall Street com a falência dos Bancos americanos pôs fim ao embuste. Mistério… ou talvez não.
Por cá Ricardo Salgado, o nosso “Madoff”, num esquema também de fraude, enganava clientes de aplicações em depósitos a prazo, transformando-os mais tarde, sem seu conhecimento, em aplicações de fundos no  GES. Esse dinheiro serviria para financiar as empresas do grupo completamente falidas que eram usadas para lavagem de dinheiro. Bilhões em depósitos que o dono do BES usava como seus. Quando PPC e BdP precipitaram a queda do império Espírito Santo,  o embuste ficou à vista e nasceram os lesados deste banqueiro.
Mas se Bernie Madoff viu em consequência, seus bens totalmente arrestados e  vendidos, foi imediatamente preso e julgado, num ano, com uma pena de 150 anos de cadeia, o “nosso” anda aí livre como um pássaro sem grande mossa. E se há culpados, BE, PCP e PS dizem que estão no anterior executivo, ou no BdP, enquanto ou com palavras ou silêncios, estes mesmos políticos “desculpabilizam” Salgado.  E duvido que venha a ter o mesmo fim.
Porque, por cá ele não é o único Dono Disto Tudo. Foi um apenas mais um  dos DDT.  Quem nos governa, tal como Salgado, segue a mesma cartilha de apropriação do controlo absoluto do poder. Fomenta um Estado totalitário que desvia do seu caminho qualquer organismo que possa reduzir esse mesmo poder. Daí já se falar em criar um órgão de supervisão à supervisão do BdP e a redução de poderes do CFP. É a politização em curso de instituições que primam pela sua independência mas que chocam com os interesses instalados. E o Estado apesar de ser de todos os cidadãos, de nos dever transparência,  julgam-no só deles. Daí que os Donos Disto Tudo se ajudem e se sirvam uns aos outros.
Por isso, a menos que sejam forçados pelo poder judicial, jamais quererão aprofundar os dossiês da CGD e BES por estarem intimamente ligados em corrupção e tráfico de influências. Por o PS ser desde a sua fundação, financiado pelo BES. E se já foi chão que deu uvas com “as Marianas” a brilhar, hoje é um banquete de sapos vivos engolidos à força para proteger o principal DDT privado  ligado aos DTT público. No fundo são  favores em cadeia que têm de ser protegidos, escondidos do povo, porque se forem um dia revelados provocarão um terramoto político profundamente destruidor. E eles sabem-no.
Assim, resta-nos a nós lesados do Estado, não deixar morrer este assunto do banco estatal. Servir-nos da Constitucionalidade do direito ás SMS, e-mails e transparência no sector público para evocar, unidos, o dever a quem nos governa de informação sobre os 5 mil milhões de capitalização, sobre  lista dos maiores devedores, sobre os responsáveis pelas imparidades da CGD. E pressionar, pressionar, pressionar…
Porque deixar morrer o caso CGD é dar poder e permitir que os  DDT  nos façam  reféns para o resto da vida.

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