sábado, 26 de agosto de 2017

PORQUE ARDE TANTO PORTUGAL?


Não faz sentido nenhum um país tão pequeno e com florestas pouco densas arder todos os anos. Portugal com uma área de cerca de 90.000 km2  representa 1% da área total da Europa. No entanto tem uma área ardida neste momento que corresponde a 33% da área ardida em toda a Europa!! Por muito que se desculpem com SIRESP, com plantações de eucaliptos, com reordenamento territorial, com comandos da ANPC ou MAI, com falta de limpezas das matas, com o diabo da natureza, há muito por explicar que vai além do mencionado e que ninguém aborda: como se dão as ignições e porquê. É por aqui que devemos começar e depois varrer os restantes problemas um a um. Porque são demasiados e alguns roçam a criminalidade.
Portugal não arde por acaso. Arde essencialmente por mão criminosa. Todos os anos. Dezenas de pirómanos são detidos mas nunca são condenados com penas exemplares. Logo, compensa ser pirómano, receber uns trocos para tabaco de gente com interesses que sabe que a maioria deles são inimputáveis ou ficam livres por falta de incidentes criminais. Sem penas verdadeiramente dissuasoras é um negócio lucrativo para ambas as partes. É o negócio dos incêndios que todos ignoram e ninguém trava.
Depois vem a falta de vigilância. Ora, é sabido que estes fogos só são bem sucedidos porque não há ninguém a bater o terreno amiúde. Logo, qualquer idiota  pode ou com isqueiro ou com bombas incendiárias iniciar um incêndio sem problemas, algo que no passado era impossível com nossos guardas florestais. Aqui o alerta é fundamental para uma intervenção rápida. Onde estão eles? Também deixou de haver cantoneiros que limpavam matas. Porquê? Não é para isto que o Estado deve canalizar os impostos?
Resolvidas estas questões prioritárias, vem o resto: os bombeiros. Como é possível combater fogos com eficácia sem que todos os bombeiros sejam profissionalizados, altamente qualificados, preparados e bem remunerados? E as chefias? Como pode haver um combate eficaz com estas corporações sem autonomia, a responder perante um cem número de chefias que se descoordenam, atrapalham, enganam-se, atropelam-se umas às outras e nomeadas por filiação partidária em vez de competências na área? 
No Canadá, um país com grande mancha florestal densa, não arde como nós. Como é possível? A resposta é simples: os serviços florestais são totalmente profissionalizados, com pessoal altamente treinado, formado e qualificado, e possuem TODOS os meios e equipamentos necessários para poderem fazer prevenção, vigilância e combate a incêndios. Possuem verbas suficientes para que possam adquirir e manter operacionais todos os equipamentos necessários e são muito bem remunerados. Os Rangers Florestais (assim são designados),  possuem um estatuto e poderes iguais a uma força policial  e um modelo de organização, responsabilização e de cadeia de comando altamente definida, hierarquizada e de inerência militar.   Podem multar incumpridores dos regulamentos de segurança, regulamentos florestais, etc. Podem decretar prisão, podem decretar evacuações, podem impor perímetros de exclusão e segurança, podem direccionar, condicionar e proibir o trânsito automóvel, podem fazer notificações e levantar autos, têm um vasto poder e competências. São autónomos. Não dependem de uma interminável lista de chefias e comandos de vários organismos.  Por isso na hora de agir, são eficazes. Espanha aqui mesmo ao lado tem o UME (Unidade Militar Emergência)que nos valeu já este ano 3 vezes! Mas incompreensivelmente só são chamados quando tudo está mais do que descontrolado apesar dessa ajuda, accionada pelo Protocolo Bi-Lateral Luso-Espanhol, ser gratuita.
Para finalizar temos o famoso SIRESP que  NUNCA funciona em situações de emergência mas carinhosamente é mantido, sem o reverter de imediato, porque segundo a ilustre ministra “é preciso resolvê-lo com seriedade e sentido de Estado” (audição parlamentar de 27 Julho) Hã?!! Importa-se de repetir?!!
Por muito que doa ouvir, somos um desastre em matéria de prevenção e combate a incêndios. Não fosse a preciosa ajuda internacional que intencionalmente só vem depois da calamidade, e as coisas teriam contornos piores. E a razão é simples: tudo se faz neste país para que tudo falhe. Os interesses obscuros dos negócios do fogo dominam o sector. Porque é nas falhas que se refugiam para justificar mais aquisições ruinosas para o erário público mas extremamente lucrativas para quem as vende. Nada a fazer enquanto os políticos não pararem de se imiscuir nestes negócios. 
Não serve de justificação os eucaliptos das celuloses porque esses não ardem nem a suposta  negligência dos pequenos proprietários porque mesmo esses, têm as matas melhores que o maior deles, o Estado, com TUDO sempre ao abandono, nem inventar plantação de árvores de substituição  que não ardem (que coisa mais ridícula). Por este caminhar, alguém irá sugerir a contratação de Joana Vasconcelos para a criação de uma floresta que não arde.
Não me admiraria mesmo nada… Idiotas suficientes para isso, já temos.

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