segunda-feira, 2 de julho de 2018

Afinal, Sócrates era só a ponta do iceberg


Uma semana depois de escrever meu artigo “A Vergonha Súbita do PS”, onde afirmava que essa posição pública do partido não passava de mera estratégia , eis que agora  o Presidente do SMMP vem denunciar, em entrevista na Sábado, que “as  medidas legislativas em curso têm como objectivo reforço da influência no Procurador-geral e acesso à informação criminal“. Segundo este, ” tal plano se desenvolve em duas fases: mais influência sobre o Procurador-geral e acesso à informação criminal”. Como? Dado que o  “Conselho Superior do Ministério Público é um órgão democrático e plural em que grande parte dos membros é eleita já o Procurador-Geral da República é um órgão unipessoal e resulta de uma escolha politica, cuja iniciativa parte do Governo. Controlar o Conselho Superior do Ministério Público é mais difícil do que ter influência sobre o Procurador-Geral da República” diz António Ventinhas. E continua:”Como este Governo irá ter um papel muito determinante na escolha do novo PGR já em Outubro, está já a tratar de reforçar os seus poderes previamente no âmbito do Estatuto do Ministério Público. Um Procurador-Geral da República com os poderes reforçados pode tornar-se uma ameaça para a investigação criminal se não for escolhida a pessoa certa.” Mais adiante, termina: ” o “Ministério da Justiça pretende através do IGFEJ ( Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça), ficar com competência exclusiva da gestão dos dados do sistema judicial. Quem controla a informação tem a possibilidade de saber o que se passa em cada investigação criminal e parece-nos evidente que o executivo não possa ter acesso a esse tipo de informação. Tal facto compromete a independência e autonomia de quem investiga, em especial no que diz respeito à criminalidade económico-financeira”.  Bem, só não acerto mesmo no euromilhões!
Estava de caras que todo aquele alinhamento do Partido a demarcar-se de Sócrates com a ajuda até da ex-namorada ( com aquele texto ridículo mas que a mim nunca me convenceu) e que não provocou sequer a ira do “Pinto de Sousa” que calmamente só foi entregar o cartão de militante, acompanhado de um comunicado “soft e queriducho” cheio de… mágoa (ah! ah! ah!)”, sem arrancar um único cabelo, sem os  ataques verbais coléricos que ainda há pouco vimos no MP, não era senão estratégia combinada. Assim, PS podia agir pela retaguarda, ajudando a família socialista apanhada pela justiça sem levantar suspeitas. Esse foi o primeiro passo do plano. Isto porque alguém já sabia que vinha aí mais “bombas judiciais” e era preciso agir depressa.
E de facto, nem uma semana depois de Manuel Pinho, eis que mais três ex-ministros de Sócrates são apanhados na malhas da corrupção num processo de investigação às PPP’s Rodoviárias: Mário Lino, António Mendonça e Paulo Campos.  O Polvo não pára   mesmo de  crescer.
Agora já não se trata só do Sócrates e da sua vida de luxo como ex governante às custas de um amigo. Aos poucos começa a revelar-se que afinal o “Caso Sócrates” que durante anos estava confinado a um indivíduo de vaidades ilimitadas, é afinal a ponta do iceberg de uma organização tentacular criminosa, instalada num governo para roubar o erário público e enriquecer seus governantes e amigos”.  Em suma, uma máfia  “sócretina” portuguesa.
Para que esta “organização” fosse bem sucedida e pudesse crescer sem constrangimentos durante anos, foi preciso a ajuda preciosa de Pinto Monteiro que afirmou que ” o processo Freeport, que envolveu o nome de José Sócrates “é uma fraude e foi um processo inventado”. E que sobre o caso Face Oculta,  “as escutas feitas às conversas entre José Sócrates e Armando Vara foram destruídas porque não havia crime nenhum”. Assim como Cândida Almeida que afirmou em 2012: “Digo olhos nos olhos: O nosso país não é corrupto, os nossos políticos não são corruptos, os nossos dirigentes não são corruptos”. E da própria comunicação social que excomungou a jornalista mais activa na luta contra a corrupção, Manuela Moura Guedes, e que foi a primeira a fazer frente ao governo Socrático, denunciando-o.  Foi demitida pela TVI por Pais do Amaral que entretanto também ele foi apanhado no Processo Marquês por desvio de mais de  2 milhões de euros e faz parte ainda da lista de grandes devedores a fundo perdido da CGD.  Não é cómico?
Nesta descoberta,  ficou claro que não houve, cegos, surdos e mudos. Houve sim, gente que beneficiava daquela “organização”, directa ou indirectamente, e por isso andavam todos caladinhos.
É o maior caso de corrupção como não há memória em Portugal e que se o PS não for bem sucedido no silenciamento e posterior arquivamento judicial de todos os processos que envolvem membros deste partido, como o foi no passado, deixará cicatrizes profundas.
A única questão que se coloca agora é saber se nessa intenção, PS vai ou não conseguir seus intentos. Mais nada. Porque o plano, esse, já está em marcha.



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