terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Também Tu José Cid?

Quando me pronunciei sobre as #metoo caíram-me em cima como se eu não fosse uma acérrima defensora das mulheres ou qualquer outro ser vítima de assédio. No entanto não demorou muito até acontecer precisamente o que eu previa: uma banalização mediática do assédio. Por contaminação, o meio artístico português acordou de repente, volvidos dezenas de anos, para esta problemática revelando publicamente assédios a que noutros tempos não deram qualquer importância. E isso é que é o problema do #metoo: pôr as pessoas a dizer “eu também” quando os episódios não passam de abordagens menos felizes de engate. E isso, como já o tinha referido, preocupa-me. Muito.

Catarina Furtado quis juntar-se ao grupo de Hollywood e contou uma historieta como tantas que existem por aí, sem qualquer importância, onde alguém lhe faz uma abordagem que ela fingiu não entender e automaticamente não deu em nada para dizer “eu também”. A sério?! Juntou-se depois José Cid (ah! valente!) com a denúncia de um assédio por parte de um fadista que mostrou interesse por ele. Realmente isso deve ser um experiência mesmo muito má ser desejado por alguém que depois de uma nega, se afasta pacificamente. Um horror, mesmo!

A este respeito deveria eu também gritar alto #metoo porque, seguindo este critério, andava na 3 classe e um menino ( o mais lindo da turma por quem nutria secretamente uma atracção) um dia lembrou-se que haveria de dar-me um beijo. Então à saída da escola, começou a seguir-me e como eu lhe negara o beijo, atirou-me para cima da neve, e já no chão, por cima de mim, arrancou-o sem pedir. Quando cheguei a casa estava lavada em lágrimas. Nunca contei aos meus pais. Resolvi o problema no dia seguinte não lhe dando mais uma fala. Assim como já na administração de uma empresa, gerentes de bancos a prometerem aprovar operações de crédito caso eu aceitasse aquecer-lhes a cama fria. Também aqui resolvi o problema mudando de Bancos. Ou ainda, aquele colega empresário simpático que vendo a minha dificuldade em arranjar crédito para a  empresa, se oferece para ajudar levando-me a um gerente amigo mas que depois faz um desvio para ir buscar uma pasta urgente a casa, convida para entrar e tomar café, mas uma vez lá dentro, tenta beijar-me à força levando-me no dia seguinte a nunca mais lhe atender uma chamada telefónica. Até hoje. Apesar disso, jamais me juntarei às #metoo porque ser #metoo é ser pelo assédio selectivo onde muitos deles nem sequer assédio é.  

Com efeito, começou com Weinstein que não passava de um indivíduo que se fazia ao engate a todo o rabo de saia que passava por Hollywood com o aval da maioria. Onde muitas actrizes, até vingarem na arte, não se incomodaram com o facto. Se ele fez disso um modo de vida foi porque foi tendo sucesso nessas abordagens. Porque quando Uma Thurman refere que no quarto, ele tirou o roupão, esqueceu-se de referir como e porquê se encontrava ela naquele lugar para falar com ele. E quantas vezes o tinha feito. Nenhuma mulher é tão ingénua que não entenda que esse lugar não é para atendimento ao público nem entrevistas. Certo? 
Por outro lado,  alguém vê as #metoo ao lado das mulheres verdadeiramente assediadas  e estupradas na Suécia, na França, na Bélgica, na Alemanha (#120db)  por migrantes islâmicos ou as mulheres cristãs Yazidis por muçulmanos? Claro que não. Como disse, só defendem o “assédio” que lhes interessa. Mas o mais curioso ainda é ver que uma das mentoras das #metoo está a ser investigada por assédio sexual, não é irónico?

Muito sinceramente ainda me pergunto como esta gente de Hollywood,  não proibiu o filme “As 50 sombras de Grey”, nem as actrizes se recusaram a esse papel,  quando a estória começa com o assédio sexual bruto entre um empresário e a universitária que o entrevista (no livro o primeiro capítulo parece saído de um filme porno).  Então aquilo não é um atentado criminoso à mulher? É. Mas todas o aprovam e o tornaram sucesso de bilheteira. Estranho.

Felizmente hoje já não existe nas discotecas os slows. Aqueles 20 minutos de música parada em que ele, um desconhecido, a  apertava junto ao corpo dando sinais de interesse e ela respondia tocando com o rosto na pele do pescoço, enquanto  ele suavemente lhe arrancava, depois, um beijo. Enfim um autêntico “abuso” muito esperado e desejado pelos jovens  e graúdos nas discotecas desses anos 80 dos quais muitas das  #metoo fizeram parte mas que hoje seriam motivo de gritaria histérica e revolução social. 
Enfim. É a sociedade hipócrita que temos hoje.

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