segunda-feira, 10 de julho de 2017

PEDRÓGÃO E TANCOS PUSERAM O PAÍS A NU

A propaganda estava perfeita. Vivíamos num país idílico. Costa geria o país dando fartura às clientelas e corporações encenando melhorias económicas através de um défice fabricado. De sorriso rasgado e ar no peito aclamava todos os dias que Portugal nunca estivera em tão bom caminho na recuperação dos rendimentos, da economia, do crescimento. A seu lado, seu fiel amigo que, incontinente de afectos, não poupou elogios ao Governo. Eis o que Costa dizia há pouco tempo:" Devolvemos ao país a normalidade. O país respira um clima de tranquilidade, com as famílias e as empresas a já não viverem no sobressalto do que poderá acontecer no dia seguinte”.Além disso, "o país respira um clima de tranquilidade e de estabilidade" e já não vive a "incerteza dos planos 'B' do Estado" (Encerramento das jornadas parlamentares do PS, Guarda, 22/11/2016). Foi preciso a tragédia de Pedrogão Grande e Tancos para acabar de vez com esta FALSA narrativa. E pôr a nu o verdadeiro estado da Nação.

A verdade arrasou-nos. Em pleno século XXI um país da CE deixava à sua sorte 254 vítimas confirmadas, 500 habitações, 48 empresas. O cheiro a morte e abandono espalhou-se. Mesmo tentando ocultar os factos, ao primeiro minuto, pouco a pouco, graças aos ainda bons jornalistas existentes, a nudez deste país à deriva foi-se revelando. A caixa negra do SIRESP deu a primeira machadada: afinal MUITO ANTES de colapsar, este sistema de comunicações dava conta do desespero das populações que gritavam por ajuda. Mas não a tiveram senão ao fim de 5h. Foi aí que se soube da falta de meios operacionais dos bombeiros, falta de coordenação das chefias dos organismos ligados ao MAI, falta de meios aéreos e terrenos por avarias, falha de formação, falta de responsabilidade governativa que em vez de acautelar no inverno andou a substituir chefias por boys sem competências. 

E se isto já era muito e obrigava à responsabilização política do MAI, veio Tancos com o maior assalto de que há memória em  armamento militar. E porquê? Precisamente pelos mesmos motivos: irresponsabilidade e negligência. Soube-se, só então, que nenhuma câmara de vigilância estava operacional. Que as 25 torres de vigias estavam desertas. Que durante 20h não houve vivalma em rondas. Que o material saiu por um buraco na vedação que já tinha sido sinalizada. 

Perante DUAS falhas GRAVES seguidas, que fazem o Presidente da República, Chefe do Estado Português e o Primeiro-Ministro?  Desaparecem. Emudecem. Agora que tinham de pôr em prática toda a propaganda de afectos e proximidade com as pessoas que dizem tanto os preocupar, FOGEM. O silêncio e a inércia foi tão cruel que até à data nenhum se dignou visitar as enfermarias dos hospitais cheios de vítimas de Pedrógão, ausentaram-se dos funerais, tomaram posse dos donativos sem data para a sua distribuição. Por falar nisso onde estão as reportagens ao minuto destas vítimas que lutam pela vida? Soares adoeceu e tivemos de levar com coberturas constantes de cada espirro que deu... Mas que é isto?

Ficamos assim todos a saber que temos os mais afectuosos líderes de sempre e o melhor défice do mundo, mas em contrapartida NÃO TEMOS SEGURANÇA NACIONAL, a obrigação mais básica de um Estado de direito. Que a qualquer momento podemos ser alvos doutras tragédias que ninguém nesta governação tem competência para nos valer. Que o melhor défice nos penhorou as vidas.

Ficaram nus. Totalmente nus. Além de nus, falidos. O dinheiro é uma ficção. Distribuiu-se o pouco que não havia descurando onde era vital. Uma governação medíocre que já não engana. Enquanto escrevo sei que nos hospitais públicos o colapso é iminente. Mas alguém está preocupado com isso? A Comunicação Social investiga? Naaaaa... Isso será quando morrer muita gente.

Porque valemos ZERO. Existimos SÓ nas eleições. E depois, vista grossa e muito "faz de conta" para enganar incautos.

Triste sina.



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