segunda-feira, 26 de junho de 2017

CARO SR. PRESIDENTE, LEMBRA-SE DA MINHA CARTA?

Eu sei que a leu apesar da ausência total de resposta.  Embora a esperança de poder despertar em si algum sentimento que o fizesse reavaliar sua actuação, tive sempre consciência que o politicamente correcto poderia ter mais força. E teve. Infelizmente. Tudo continuou igual com elogios rasgados a uma governação cheia de falhas, perigosamente a roçar na irresponsabilidade. Lembra-se das minhas palavras sobre um défice que não passava de um embuste? Pois tem aqui, na tragédia de Pedrógão Grande a confirmação dos medos que lhe transmitia a aos quais lhe pedia ajuda. 

Uma governação que maquilha números com suspensão de pagamentos a fornecedores, cortes a torto e a direito na despesa pública, suspensão total de investimento público crucial em vários segmentos,  nunca deveria ter do nosso Presidente da República qualquer apoio senão o da responsabilização. Porque quem apoia cortes e suspensão de pagamentos cegos, assina sentenças de morte num povo indefeso. Hoje foi Pedrógão Grande com o maior e mais mortífero incêndio de que há memória. Amanhã será num hospital, numa escola, numa estrada, numa ponte, num edifício, num sismo, numa inundação, num transporte público. 

Depois, virão a público todos emocionados dizer que tudo foi feito. Que foi uma calamidade. Que foi imprevisível. Justificarão com tudo e com nada a inoperacionalidade de um Estado que serve apenas para tirar 70% do rendimento das famílias e que já tem em curso mais aumentos de impostos. Mas na hora de cumprir sua função, demite-se de todas as responsabilidades com o apoio incondicional do nosso Presidente. Como é possível em pleno século XXI, num país da Europa, ter gente no governo assim com seu aval?

Tinha declarado no ano passado que iria acompanhar durante o inverno tudo de perto para que nunca mais vivêssemos situação tão dramática como em 2016. Mas, esqueceu-se de nós. E à nossa sorte, ficamos sem ninguém para nos socorrer e proteger das malditas chamas. E mais de 200 pessoas sofreram as consequências. Não há agora nenhum afecto que reponha a vida como ela era para estas vítimas. Não há palavras nenhumas que façam regressar quem partiu de forma tão macabra. Não há abraço nenhum que apague da memória o que esta nossa gente viveu no meio do inferno. Não há solidariedade nenhuma que traga de novo o que se perdeu. E mesmo assim volvida uma semana não há um único responsável assumido por esta catástrofe! Acha isso normal?

Pois eu lhe digo, que por eles, pelos seus que sucumbiram, por nós, gritarei a minha revolta todos os dias. Transformarei a minha indignação em palavras de ordem. Levarei minha voz até onde for preciso, seja cá seja na UE para que ACABE de vez esta impunidade severa e vergonhosa de quem sucessivamente nos governa e não cumpre com seu dever para com a população. Quero ver REVERTIDOS todos os contratos ruinosos que servem clientelas em vez de prestar serviço às povoações.

Porque basta! Sr. Presidente, basta! Porque somos nós que estamos a morrer. Somos nós as vítimas. Mas também somos nós quem tem obrigação de por no lugar quem se demite das suas funções e não cumpre com seu dever de servir o cidadão que os elege.
E nós só descansaremos quando nossos direitos forem cumpridos. Integralmente. 





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